"Sou o que sou, e não o que a sociedade espera de mim. Posso ser chamado de louco por isso, mas somente os loucos são realmente felizes dentro da sua sabedoria."

terça-feira, 26 de março de 2013

Num dia qualquer...

E papo vai, papo vem, de repente o seu nome surge. Vindo do nada, assim mesmo. Meu olhar meio que perdeu o foco. E foi aí.

A porta da cafeteria se abriu. Mas não era qualquer pessoa. Era você. E com um sorriso tão lindo quanto eu podia me lembrar.

Você entrou e olhou à volta. Alguém deve ter acenado para você porque você acenou de volta. A verdade é que eu nem vi nada além de você.

Você foi caminhando e olhando em volta, talvez procurando uma mesa vazia ou alguém que esperava por você. A conversa na minha mesa já nem era mais ouvida. Meus olhos não se desprendiam de você.

Você se virou para onde eu estava. Nesse momento, (impressão minha?) seu sorriso alargou-se. Você já dava o seu melhor sorriso, com olhos azuis a sorrir junto, vindo em minha direção agora. O burburinho da cafeteria estava tão distante... e você também parecia estar.

Com você a meio caminho de onde eu estava eu me levantei. Meu amigo me olhou com cara de "que foi, tá louco?" mas eu nem liguei.

Enfim, (depois do que me pareceu uma vida inteira) você estava na minha frente. Me abraçou, te abracei de volta. Nos apertamos um contra o outro, olhamos nos olhos um do outro, com olhos sorridentes, e chegamos mais perto.

E aí você parou. E disse aquelas duas palavras, aquelas das quais eu nunca vou me esquecer, das quais vou sempre me arrepender.

"Não posso."

Nosso abraço se afrouxou. Seus pés te levaram todo o caminho de volta para a porta, e você se foi. Mais uma vez. E mais uma vez nem ao menos nos despedimos.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Carta a um tal de E...

Lembro-me daquela noite como se fosse ontem.

Me lembro dos seus braços me envolvendo, me erguendo e me levando. Lembro dos seus olhos claros, parecia quem tinham luz própria, uma luz azul que emanava e me iluminava por inteiro. Seu hálito, próximo a mim, me indicava que seus lábios estavam muito perto dos meus. Lembro também de certas palavras sussurradas no meu ouvido... e do arrepio que as seguiu.

Mas me lembro também (e disso eu gostaria muito de me esquecer) das duas palavras que eu mais usei naquela noite:

"Não posso."

Sua frustração foi aparente. Desculpa.

Naquela noite, mesmo eu querendo, parecia tão arreado.

Senti a amargura do arrependimento. Ah! Como eu quis que aquela noite voltasse!

Logo depois, mais duas palavras... como dizer? Me balançaram muito mais do que arrependimento anterior:

"Estou namorando."

Uau.

Acho até que meu desapontamento foi óbvio, não consegui escondê-lo. Mas, se você havia ficado feliz com aquilo, acho que tudo bem.

Meus olhos vertiam rios quando ninguém estava olhando. Sua voz, seus olhos, seu hálito permaneciam na minha cabeça, marcas queimadas a ferro e fogo.

Aquela noite não volta. Mas eu ainda tenho um fio de esperança. Bem fino, para ser sincero, mas tenho. Esperança de que um dia nos veremos de novo. E faremos certo o que naquela noite parecia tão errado.

Com amor.

Rafael Carvalho.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Da janela

Ele se dirigiu para a janela e, afastando as cortinas, olhou para fora.


O que viu lá não foi exatamente o que esperava.

As meninas que estavam de passagem tinham asas coloridas e brilhantes, que se moviam gloriosas. Já outras, possuíam narizes de gancho verruguento.

Um homem que passava parecia ter palavras pintadas pelo rosto. Olhando melhor, ele viu que eram palavras mesmo, e que todos riam-se ao passar por esse homem. E ele gostava! E era aí que as palavras pareciam mudar-se em outras mais engraçadas que as primeiras.

Olhou então para cima, rindo-se do tal homem, e prestou atenção à forma azul de uma extensão indescritível. Nada além de um telhado que cobria o mundo.

Voltou, então, os olhos para dentro do próprio quarto. Algo chamou sua atenção ao se mover dentro do travesseiro. Cutucando-o, viu sair dele nada menos que um beijo. Aliás, não só viu, como sentiu-o nos lábios. E não era qualquer beijo, mas aquele com que sempre sonhara...